FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
DEPARTAMENTO
DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Curso de Antropologia
Cadeira: Individuo & Sociedade
Tema: A Interpretação das Culturas “Recensão
critica”
3 ano – Período
Laboral – 1 Semestre
Trabalho
em Grupo
Discentes: Docente:
Albertina
Cossa Dr. Danúbio
Lihahe
Bernissa
Bushasha
Edson
Zandamela
Maputo, aos 13 de Abril
de 2016
1.1 Resumo
Este
livro consiste na apresentação de um trabalho antropológico Clifford Geertz,
desenvolvido sob a égide da perspectiva teórica do interaccionismo simbólico. A
análise de Geertz parte do princípio de que a Cultura é formada como uma teia
de significados tecidas pelo homem. Significados estes que os homens dão às
suas acções e a si mesmos. Este propõe uma revisão onde a cultura passa a ser
vista como um padrão de significados transmitidos geracionalmente representadas
por símbolos e efectivados em comportamentos, onde para tal os indivíduos
membros devem se submeter ao sistema de signo patente. Este usa a perspectiva
teórica do interaccionismo simbólico para análise antropológica das dimensões
culturais da política, da religião e dos costumes sociais e apoia-se em vários
exemplos etnográficos como o da “briga de galos Balinense”, assim como
“sistemas de casamento em parentesco europeus medievais”. O sistema cultural de
organização pode ser definido pelas estruturas estruturantes. O conteúdo
ideológico da cultura não se esgota, pois tem um caracter arbitrário que no
senso comum é indiscutível e mediador na apreensão entre os signos e
significados que são apresentados na cultura.
Palavras-chave: interpretação, interaccionismo simbólico, culturas, natureza, homem.
1.2 Introdução
O
presente trabalho esta inserida no sistema de avaliação da cadeira “Individuo e
Sociedade”. Nele pretendemos fazer uma recensão crítica do texto de Geertz com
o título intitulado “A Interpretação das Culturas”
publicada em 1989. Onde esta ira centrar-se na discussão levantada pelo
autor referente a reflexão sobre a cultura e suas principais manifestações e
suportes como religião, ideologia e símbolos sagrados.
Relativamente a metodologia, nesta análise crítica privilegiamos um modelo altamente qualitativo que baseou-se na leitura exploratória e profunda dos textos referenciados na bibliografia. A abordagem qualitativa segundo Goldenberg (2001); Minayo e Saches (1993), permite o investigador entrar no mundo dos investigados captar a lógica do fenómeno em estudo a partir das intenções e projectos dos actores sociais abrangidos pelo estudo, assim como permite aprofundar o mundo das significações das acções e relações entre indivíduos dentro e fora do campo.
Quanto
a estrutura, o trabalho se dispõe da seguinte maneira, a primeira parte: introdução,
onde apresentamos tema, metodologia e algumas fontes do trabalho, e uma segunda
parte composta pela recensão crítica, onde se discute o tema com recurso aos textos
da bibliografia indicado, e uma conclusão onde se da uma súmula da discussão do
trabalho, e a referência onde mostramos algumas fontes usadas no trabalho.
1.3 Breve Biografia do
autor
Clifford
James Geertz é um antropólogo norte-americano, nasceu em 23 de agosto de 1926,
São Francisco, Califórnia. Antes de se deixar influenciar pela antropologia,
graduou-se em filosofia e inglês. Obteve seu PhD em antropologia em 1956, desde
então realizou profundas pesquisas de campo que deram origem acerca de 18
publicações em forma de ensaios.
1.3.1 Perspectiva
teórica
Clifford
James Geertz opta por uma postura considerada como antropologia interpretativa,
que segue uma linha de passamento que baseia-se na teoria interpretativa ou
simbólica. Geertz na sua obra “A Interpretação das Culturas” com base em
análises concretas cria um tratado da teoria cultural.
1.3.2 Problemática
Quanto
a problematização, a antropologia interpretativa de Geertz que tem olhando a cultura como hierarquia de significados tecidas pelo
homem. Significados estes que os homens dão às suas acções e a si mesmos. Assim
a etnografia, para conhecer a cultura, mais que registrar os factos, deve
analisar, interpretar e buscar os significados contidos nos actos, ritos,
performances humanas e não apenas descrevê-los. Busca
da “descrição densa”. Interpretação e Leis. Inspiração Hermenêutica.
Interpretação antropológica leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua
própria cultura.
1.4 Recensão crítica
Clifford
Geertz encara a
cultura como uma execução pública
de sinais e atos simbólicos.Em "Pessoa Tempo e
Conduta em Bali" (em "Interpretação da Cultura") Geertz discute a
importância de reconhecer a natureza do pensamento e da percepção humana como um mecanismo social empregada para a análise cultural.
A
cultura pode ser considerada como uma teoria, elaborada pelo antropólogo, sobre
a forma pela qual um grupo de pessoas se comporta realmente.
De acordo com Kluckhohn (apud GEERTZ, 1989, p. 4) concebe a cultura como: o modo de vida global de um povo onde este pode ser um legado social apreendido que o indivíduo adquire do seu grupo partindo da sua forma de pensar, sentir e acreditar gerando uma abstracção do comportamento.
Está
pode ser uma forma de regulamentação, e orientação padronizada do comportamento.
O estudo da cultura de acordo com Geertz é o estudo do mecanismo utilizado por
indivíduos e grupos, de modo a orientar-se no quotidiano. Estes mecanismos
servem soluções particulares para os problemas existenciais universais da
cognição e orientação, respondendo a perguntas como quem somos, de onde viemos,
a relação entre nós e outras pessoas e entre nós e a natureza.
Para Benedict cada cultura produz padrões diferentes e uma cultura é bem desenvolvida quando os indivíduos têm oportunidade de aproveitar os aspectos que lhes oferecem, quando a cultura é pobre os indivíduos não aproveita e sofrem. Esta sustenta que o comportamento grupal tem suas raízes no comportamento individual, não havendo antagonismo, mas há inter-relação entre o grupo social e os membros que o compõem. A sociedade não pode ser separada dos indivíduos e, por sua vez, nenhum indivíduo alcançará suas potencialidades sem uma cultura em que participe.
Desta forma a cultura e os indivíduos são elementos interdependentes na medida em que, sem a actuação dos indivíduos seguindo os padrões estabelecidos pelas suas culturas estas correm o risco de perder a sua essência. Para a compreensão da cultura devemos apreender não só o carácter essencial das várias culturas mas também os vários tipos de indivíduos dentro de cada cultura. Partindo desta análise nota-se que integração entre o homem e a cultura, deve-se entender que a cultura é mais do que alguns padrões complexos de comportamento, mas um conjunto de meios de controlo para orientação do comportamento humano através de uma simbologia cultural que estará lá quando o indivíduo nascer e ainda estará lá quando ele morrer, tendo ele a modificado ou não.
Na busca de análises profundas do estudo da cultura há o risco de que a análise da perca contacto com as dificuldades presentes na superfície como as questões políticas e económicas, as necessidades biológicas e físicas. Para ultrapassar estas dificuldades propõem-se uma descrição densa que serve de acervo para a forma com que antropólogo deve descrever as suas análises.
Nessa ordem de ideias a descrição densa nos permite ouvir, observar (ver), escutar, e criar uma fórmula que nos permita balançar ou medir os factos socias de forma a compreender os mecanismos que estruturam a vida social dos indivíduos dentro de um determinado contexto, onde as significações socias são o ponto central.
"... A cultura fornece a ligação entre o que os homens são intrinsecamente capaz de se tornar e o que eles realmente, um por um, de fato tornam-se".
Geertz discute a importância de reconhecer a
natureza do pensamento e da percepção humana como um mecanismo social empregada
para a análise cultura. Nessa ordem ideias podemos considerar que o homem é o
produto da cultura, isto nos remente a uma analise do homem em sua totalidade
onde claramente como sustenta Lévi-Strauss que os estudos científicos não podem
reduzir simplesmente os aspectos complexos em aspectos simples. As culturas de
certa forma são criadas com logicas implícitas no individuo que são
independentes ao modo de vida material assim como das relações sociais.
Se Geertz intede a constituição da cultura partindo da associação ou comparação como teia de aranha, de certa forma o autor acaba criando uma contradição entre os seus posicionamentos teóricos e as suas praticas etnográficas.
Para Geertz o homem de hoje é diferente dos seus antecessores, não só por causa da cultura, mas também da biologia. Este posicionamento pode ser tido como uma das lacunas da compressão interpretativa da cultura por ele proposta pós sabe-se que o biológico em nenhum momento da história o biológico foi suficiente para as explicações das relações socias, apesar de que reinou num período a manipulação destas ideias para sustentar tais compreensões, porem sabe-se que este posicionamento era carregado de etnocentrismo.
A antropologia interpretativa explica questões profundas, assim como coloca à disposição muitas outras respostas que já foram elaboradas, aumentando o número de registros sobre o que o homem tem falado, quando percebemos os simbolismos implícitos nas acções sociais ou seja na arte, religião, ideologia, ciência, lei, moralidade, senso comum, não nos afastamos dos dilemas existenciais, ao contrário, mergulhamos no meio deles, fazendo uso da hermenêutica interpreta as culturas explorando o inconsciente através das acções do nosso consciente.
Portanto,
não existe uma natureza humana independente da cultura. Seria o mesmo que
imaginar que os meninos-lobos (ponto zero) são o exemplo de homem genérico, que
buscava o iluminismo. Sendo assim, uma posição possível a respeito desse
assunto, um ponto de vista conciliador, como pretende
Geertz, da relação entre homem e cultura é não descartar os universais culturais e nem as particularidades das diversas culturas. Há uma relação intrínseca entre as duas posições.
Geertz, da relação entre homem e cultura é não descartar os universais culturais e nem as particularidades das diversas culturas. Há uma relação intrínseca entre as duas posições.
Geertz (1989:35), explora a história de
estudar a natureza do homem apontando que o conceito de esclarecimento do homem
na sua totalidade e ser uma cultura completo animais busca levou aos conceitos
racistas desse período e os tempos que se seguiram.
“Um ser humano pode ser um enigma completo para outro ser humano. Nós não compreendemos o povo, ainda que dominemos seu idioma. Nós não podemos nos situar entre eles”. Neste trecho, ele faz uma crítica a B. Malinowski. Para Geertz, falta a interpretação à descrição etnográfica de Malinowski.
O método usado, Geertz acaba por fazer uma" violação de territorialidade". Ninguém está imune aos sistemas de símbolos através do qual um conhecimento da realidade é comunicado. Pós baseou-se e alterou e consolidou uma ampla variedade de trabalhos através de várias disciplinas de filosofia, linguística e crítica literária para a psicologia, biologia, e as várias ciências sociais.
A descrição etnográfica para Geertz é, portanto, interpretativa e microscópica (os antropólogos não estudam as aldeias, eles estudam nas aldeias). Há uma série de características de interpretação cultural que tornam ainda mais difícil o seu desenvolvimento teórico. A primeira é a necessidade de a teoria conservar-se mais próxima do terreno do que parece ser o caso em ciências mais capazes de se abandonarem a uma abstracção imaginativa. Somente pequenos voos de raciocínio tendem a ser efectivos em antropologia; voos mais longos tendem a se perder em sonhos lógicos, em embrutecimentos académicos com simetria formal.
Sob o ponto de vista antropológico "ethos" resume aspetos morais e éticos de determinadas culturas. Concomitantemente os aspectos cognitivos e existenciais são resumidos pelo termo "visão de mundo". Já os símbolos são adoptados para suprir necessidades englobando situações às quais é preciso, segundo Burke (apud GEERTZ, 1989:102) "dar mais atenção a como as pessoas definem situações e como fazem para chegar a termos com as mesmas."
O trabalho de Geertz participa de uma
"preocupação emergente com o mundo tal como é vivida e percebida, em vez
de forma mais objectiva".
Porque suas fontes são cosmopolitas,
como se poderia esperar, a sua aplicabilidade é igualmente diversos.
Olhando
para os seus conceitos gerais que são:
· Uma
vista Uniforme
Formado por antropólogos do Iluminismo, a
ideia de que toda a humanidade opera em leis semelhantes que dicam cultura e
comportamento, consenso de toda a humanidade.
Generalização
Simplificando os elementos de uma variedade de
culturas para caber uma definição, a fim de formar leis unificadoras. "A
noção de que a menos que um fenómeno cultural é empiricamente universal não
pode reflectir nada sobre a natureza do homem.
·
Homem
contra homem (visão ambígua)
O "Homem" é encontrado em torno de sua cultura; "Homem" é
encontrado em sua cultura (37).
1.5 Conclusão
Portanto,
além de cada cultura ser única, cada indivíduo dentro dessa cultura também o é
mas de uma forma ou de outra, esse indivíduo é, acima de tudo, um ser cultural.
Sem os homens certamente não haveria cultura, mas de forma semelhante e muito
significativa, sem cultura também não haveria os homens.
Geertz conclui que a semiótica e acção simbólica é o meio para interpretar culturas de forma eficaz, uma vez que as culturas são sistemas de símbolos, e as acções são simbólicas em si mesmos. Trazendo aqui vários exemplos, que vão desde a etnografia da briga de galos Balinense, até a análise dos sistemas de casamento em parentesco europeus medievais. No âmbito destes estudos, percebe que, como estrutura estruturante na organização das sociedades está a cultura.
Entretanto, o autor indica que o essencial é anotar e interpretar o discurso social. Excelente livro para todos os que se dedicam a estudar a antropologia cultural, pois é uma obra que além de servir como introdutória, situa o leitor no âmago de alguns dos debates mais candentes do campo em questão.
1.6 Referência
Bibliográfica
BENEDICT, R. (s/d), Padrões de Cultura, Livros Brasil,
Lisboa.
GEERTZ, C. (1989), A Interpretação das Culturas. Rio de
Janeiro: LTC Editora.
GOLDENBERG, Mirian. 2001. A
arte de pesquisar: como fazer
uma pesquisa qualitativa em ciências
sociais. 5 ͣ Edição, Rio de Janeiro e
São Paulo: Record.
MINAYO & Sanches. 1993. “Quantitativo
– Qualitativo”: Oposição ou complementaridade? Cad Saúde pública. Rio de Janeiro, 9 (3): 239 – 262. Julho/ Setembro.
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