Antropologia Forense
É a área científica que estuda as ossadas. Resulta da aplicação de conhecimentos de Antropologia às questões de direito no que diz respeito à identificação de restos cadavéricos (necroidentificação).
Através dos ossos, podemos obter dados sobre o sexo, idade, estatura do falecido e pormenores da vida que a pessoa teve (hábitos alimentares, algumas doenças, lesões, etc.)
Os achados em escavações podem ter diversas origens: cadáveres abandonados numa fase avançada de decomposição, corpos desfigurados resultados de mutilações, ou, cadáveres que possam corresponder a indivíduos vítimas de desastres em massa (acidentes de aviação, naufrágios, catástrofes naturais, etc.).
Todavia, este estudo só fica completo se se conseguirem recolher dados que em termos comparativos possam individualizar a pessoa pois só com os dados relativos ao sexo, idade, proporções corporais é praticamente impossível identificar o cadáver.
“Apesar de todos os humanos adultos terem os mesmos 206 ossos, não existem dois esqueletos iguais”.
Técnicas:O trabalho de um antropólogo começa no local do crime e estende-se até ao laboratório. Dividindo-se parcialmente em três etapas:
1º etapa - Arqueologia forense. É feita uma escavação minuciosa do local onde se encontra o corpo.
2º etapa - Antropologia social. Consiste na recolha de informações em redor da área do crime (entrevistas às pessoas da região, consulta em arquivos municipais, eclesiásticos e militares, etc.)
3º etapa - Investigação laboratorial. Há uma aplicação de técnicas como a osteologia humana (área que se debruça sobre o estudo dos ossos que compõe o esqueleto), paleopatologia (ramo da ciência que se dedica ao estudo das doenças do passado) e tafonomia (estudo sistemático da evolução de fósseis). Pode ainda ser feita uma reconstrução facial do cadáver e superposição fotográfica.
Em Portugal esta área não é muito usada pois não é frequente encontrarem-se ossadas, uma vez que no passado não ocorreram grandes catástrofes, nem se verificam muitos crimes onde os corpos são escondidos ao longo dos anos.
Objetivos da Antropologia Forense:
Determinação da identidade do indivíduo:
Origem dos restos. A determinação da espécie do cadáver constitui um passo fundamental. É o primeiro passo que um deve tomar quando se confronta com qualquer material que se assemelhe a tecido ósseo.
Características gerais de identificação
Ø A determinação do sexo baseia-se no estudo comparativo das ossadas encontradas com dados de tabelas sobre a morfologia dos ossos. As características morfológicas de certos ossos diferem consoante o do sexo. Os ossos que melhor permitem identificar se a ossada é feminina ou masculina são: o crânio, a pelve e o tórax.
Ø Para se poder obter a idade da ossada, há um conjunto de regras que variam consoante se trata de um feto, de uma criança ou de um adulto. A partir da informação acerca da classe etária que a pessoa pertence, podemos saber a sua idade. As análises feitas são: ao comprimento dos ossos longos e a ossificação de alguns ossos (como as suturas cranianas).
Ø A altura é calculada através da medição do esqueleto (método anatómico), por fórmulas matemáticas ou pelo estudo dos ossos longos.
Ø A determinação da raça é um processo muito complicado e pouco fiável. Porém pode ser caracterizada através do ângulo facial, forma do crânio, Índices cefálicos e índices rádio- umerais. A partir desta análise podemos determinar se o indivíduo é do tipo racial caucásico, mongólico, negróide, indiano, australóide.
Características individualizantes. São os aspectos específicos que podem caracterizar o indivíduo com base em elementos fornecidos por pessoas conhecidas da vítima. Esta comparação pode ser feita com base em estudos radiográficos, comparação fotográfica (sobreposição de imagem em computador, pesquisando-se a existência de concordância entre as linhas e curvas da face com pontos do esqueleto) ou reconstrução da face (modelagem das partes moles sobre o crânio, ou através de desenhos).
Determinação da data da morte
É um processo extremamente complexo pois muitas vezes os corpos estão num estado muito avançado de decomposição, estando em muitos casos esqueletizados.
A decomposição de um corpo depende de fatores como a temperatura do solo e a sua acidez.
- Quando um corpo é deixado à superfície a actividade dos insetos vai ocorrer imediatamente.
- Duas semanas depois, o corpo estará parcialmente decomposto (com algumas cartilagens e articulações)
- Ao fim de oito meses, estará decomposto na sua totalidade.
Se um corpo for queimado leva entre um a dois anos até ficar totalmente decomposto
Se for deixado em solos arenosos podem mumificar ficando então conservado.
Quanto mais tempo sucede desde a morte, mais difícil se torna de determinar o momento da morte.
O número e o tipo de ossos disponíveis na cena do crime podem ajudar a determinar há quanto tempo se deu a morte do indivíduo, por exemplo: ossos pequenos dispersam-se mais facilmente.
Determinação do modo e determinação da causa da morte
O modo e a causa da morte são conceitos diferentes. O modo da morte aborda o tipo de morte do indivíduo podendo ser: homicídio, suicídio, acidental, natural e desconhecida. A causa da morte, refere-se ao fator que na prática provocou a morte do indivíduo, ou seja, descrições como doença, ferimentos ou lesões.
Em indivíduos que se encontram no estado de esqueleto, a causa da morte só pode ser estudada relativamente a situações que deixem marcas nestas estruturas como as fraturas, ferimentos por armas de fogo ou marcas de intoxicações crônicas pelo arsênio, sendo o raio-X uma técnica muito importante.
Interpretação das circunstâncias da morte
Esta interpretação é bastante difícil, complicada e as suas conclusões são escassas pois estão limitadas à análise da existência, ou não, de sinais de violência e da interpretação da vitalidade de certas lesões.
Fonte: CIÊNCIAS FORENSES
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