sexta-feira, 25 de março de 2016

RESUMO: Marcell Maus - Sociologia e Antropologia


RESUMO: MARCELL MAUSS – SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA


Elaborado por: Hélder Luís

Ao priori nessa quarta parte da Obra de Marcel Mauss intitulada Sociologia e Antropologia o autor nos trás a ideia de morte sugerida pela colectividade, onde o mesmo apresenta três subtítulos: A definição da sugestão colectiva da ideia de morte, tipos de factos Australianos e tipos de factos Neozelandeses e Polinésios, todos com objectivo de explicar o processo da ideia da morte, mostrando exemplos claros de alguns povos.

No que concerne aos tipos de factos neozelandeses e polinésios, o autor demonstra descrições que são igualmente uma espécie de traço comum da etnografia dos Maori e de toda Polinésia. Tregear cita casos notáveis: por exemplo, o de um homem que viveu até uma idade avançada sem mandíbula, que lhe fora arrancada por um obus em 1843.

Quanto a ideia da morte os Maori classificam as causas das suas mortes em quatro conjuntos: 1. Morte pelos espíritos (violência de tabu, magia, etc.); 2. Morte na guerra; 3. Morte por decadência natural; 4. Morte por acidente ou suicido. E eles atribuem a primeira dessas causas a maior importância. O sistema dessas crenças é portanto o mesmo que na Austrália.

Embora o totemismo polinésio seja bastante humilde, sobretudo na Nova Zelândia, ele deixou justamente traços como meio de representar certas causas de morte. Por exemplo: Em Tonga, particularmente, Mariner conta que um homem que comeu tartaruga proibida teve o fígado aumentado e morreu por causa disso.

Mas é essencialmente a morte por pecado mortal que é frequente, sobretudo em terra Maori. Quanto a esse assunto Hertz fez uma análise desses mecanismos complicados e típicos, da qual extraiu duas indicações: a morte por magia que é muito frequentemente concebida e geralmente só é possível em consequência de um pecado prévio. Inversamente, a morte por pecado não é geralmente senão o resultado de uma magia que fez pecar.

A NOÇÃO DE PESSOA

A principal tese deixada por Mauss nesse ensaio é de que a noção de pessoa, inclusive a noção do Eu não é uma categoria natural ou puramente psicológica, individual, mas é antes de tudo uma construção sócio-histórica-cultural. Até então concebiam a ideia de ‘pessoa’ e de ‘eu’ como uma noção natural ou inerente “bem definida no fundo da sua própria consciência, perfeitamente equipada no fundo da moral que dela se deduz. Trata-se de substituir essa visão ingénua de sua história e de seu actual valor por uma visão mais precisa.” (MAUSS, 2003, p. 369). Em A noção de pessoa, a de “eu” Marcel Mauss vai brilhantemente demonstrar, mesmo que de forma resumida, a “história social das categorias do espírito humano” (MAUSS, 2003, p. 370) ele vai aprimorar o discurso sobre o ‘eu’ e sobre o senso de consciência e pessoa que havia na época, dando à essa discussão o carácter social e de construção colectiva.

Mauss vai, como ele mesmo disse, fazer uma análise histórica e social da construção da noção de ‘pessoa’ e da de ‘eu’. É importante notar que essa noção era até então uma categoria puramente psicológica, fechada e naturalizada pelos pensadores da época, o que se reflecte ainda hoje. Mauss começa então essa análise desde os Pueblos, os índios Pueblos de Zuñi, estudados na época por Frank Hamilton Cushing e por Mathilda Cox Stevenson, passando por outros povos do Noroeste Americano e por povos da Austrália.

Para Mauss, em todos esses povos, ressalvadas as devidas diferenças e peculiaridades, a noção de pessoa estava intimamente ligada ao grupo, ao clã, não existindo ainda a noção de pessoa individualizada, de ‘eu’ como entidade única. Nesses povos, a partir de uma análise etnográfica e linguística, é possível perceber como os indivíduos quase sempre eram referenciados pelo grupo (clã) ou pela natureza (totem), possuindo inclusive nomes e prenomes específicos do clã ao qual pertencia ou das narrativas que envolviam determinados indivíduos. É interessante notar que essas construções de ‘eu’ de ‘pessoa’ eram marcadas por toda uma trajectória histórico e social, construída a partir da tradição de cada povo e da forma como cada povo significava a ideia de grupo e colectividade.

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