segunda-feira, 7 de novembro de 2022

A Discussão Critica da Dicotomia do Urbano e Rural

Referência Bibliográfica

MINGIONE, Enzo & PUGLISE, Enrico. “Espaço e Industrialização”. 1987. In Revista Crítica de Ciêncis Sociais. Lisboa. CISEP (PP. 83: 99).

Introdução 

O presente trabalho tem por objectivo tratar a temática critica de ciências sociais,versa sobre o espaço e industrialização,a difícil delimitação do urbano e do rural,discussão crítica da dicotomia urbana e rural, a imprecisão das delimitacões e o desenvolvimento capitalista e por último a imprecisão das delimitações, mercado de trabalho e características do emprego. 

A difícil delimitação do urbano e do rural

Os conceitos de “urbano” e “rural” surgem nos paradigmas dualistas, que têm sido largamente usados pelas ciências sociais para as transformações históricas e sociais. São conceitos que vem arrastando fortes debates a nível da sociologia rural como da sociologia urbana que datam os anos 70.

Ademais, esta dicotomia só têm uma função interpretativa importante se formos olhar para o período de transição das sociedades pré-industriais para as sociedades capitalistas (Saunders, 1981), a que ter em conta que a utilização neoclássica da dicotomia, por mais discutível que seja, continua a ser de importância relevância para a sociologia.

Para melhor entendermos esta dicotomia há que em primeira instância olhar para as criticas feitas a escola ecologica, onde Wirth apresentou uma dicotomia de “de tipos de ideias” para explicar estilos de vida diferentes baseados em parâmetros espaciais diferentes, especialmente o tipo de vida duma grande área metropolitana em oposição ao dos habitantes de localidades mais pequenas e menos desenvolvidas.

Outrossim, a abordagem paradigmática do Wirth entrou em crise 30 anos mais tarde com o surgimento do novo que era do Gans.

Para Gans a natureza transitória e heterogênea das condições sociais não é só uma das características das cidades razão pela qual o outro (Wirth) pecava ao deixar este aspecto de fora. Para uma vida compreensível a nível de vários estilos de vida nas cidades ou em zonas de diferentes áreas urbanas, Ganvs advogava um regresso dos paradigmas da sociologia clássica relativamente às classes, de ciclo de vida e etnias.

Mais tarde esta dicotomia urbana/rural vem ser criticada por uma “nova sociologia urbana” e pelos sociólogos rurais (Newbey, 1980; Friedland, 1982), na medida em que se presta a uma utilização directa e pouco precisa como chave interpretativa da diferenciação de estilos de vida e de comportamentos sociais.

Um outro aspecto a ter em conta é que tanto na obra de Marx como de Weber, embora com tônicas distintas, a dicotomia urbano/rural é representativa de classes sociais que contribuíram para o aparecimento do capitalismo ou a que a ele se opuseram em nome da antiga ordem social e econômica.

Várias são as questões interessantes inerentes à utilização da dicotomia clássica urbano/rural que só se pode entender quando se fazer parte dos nuances dos Marxistas e do Szlenyi onde este último na sua síntese de forma categórica afirma que as cidades com a evolução tiveram uma nova dinâmica passando de um estado para o outro nível.

O papel de novas formas de autonomia política urbana não pode ser considerado essencial nem preponderante para explicar o período de transição industrial, mas deve ser associado a outros processos.

Essa dicotomia pode ser entendida com mais proficiência na obra de Weber onde afirma que a civilização urbana ocidental é um dos fenómenos, ou sintomas, que acompanham a grande transformação carismática no sentido da expansão do capitalismo.dum ponto de vista metodológico, a analise da acumulação primitiva por Marx é mais vulnerável., há até algumas contradições. 

A que vincar que as fronteiras entre o rural e o urbano sempre foram mal definidas, o que exige um valor, de certo modo, limitado (por ser imprecisa e aproximativa). 

Pode-se, no entanto, dizer-se que a dicotomia rural/urbano, mesmo com interpretações muito elaboradas continuam a ser de uso corrente. A utilização clássica correta do par dicotômico urbano/rural pretende representar o conflito entre duas realidades sociais diferentes como uma função do processo de desenvolvimento industrial e capitalista.

Para Polanyi, o capitalismo e a industrialização se caracterizaram mais pelos obstáculos e resistências ao longo dos tempos do que pelos seus mecanismos endógenos de propulsão e difusão.

A imprecisão das delimitações e o desenvolvimento capitalista

Com evoluir do desenvolvimento capitalista o que se dizia entorno do rural caiu em desuso ao se confrontar com as novas noções que inicialmente estavam por detrás dos conceitos rula/urbano. 

A analise Marxista tradicional é também desadequada,embora tenha, sem dúvida o mérito de analisar estes contextos em duas vertentes.

Há, contudo, algumas características comuns, a primeira das quais é conhecida por desurbanização de novos empreendimentos industriais.

Um outro aspecto que esta por detrás desta delimitação esta no facto de algumas coisas que aqui já foram descritas e que se manifestam claramente. É ai que a imprecisão das fronteiras entre o urbano/ rural é mais patente. Há uma outra inversão decisiva das tendências dos processos de divisão de trabalho. 

Resumindo diria que há dois aspectos importantes relativos à mutação da industria: 

a) um divórcio progressivo entre o “urbano e o industrial; 

b) a diminuição da dimensão media das unidades fábris, que obviamente, se situa num plano diferente crescente concentração do controlo financeiro das empresas decorrentes da integração e da centralização industriais.

Imprecisão das limitações, mercado de trabalho e características do emprego

Atualmente, nota-se cada vez mais que uma pessoa só pessoa conjuga vários papéis que há uma pluri-atividade. A mão- de-obra que não foi substituída por maquinas ao longo dos processos de reestruturação e de modernização, em última análise, de industrialização encontra-se geralmente nas explorações agrícolas e nas empresas subcontratas. 

No entanto, estes elementos que aqui apresentamos são apenas alguns de vários exemplos que estão por detrás da imprecisão da delimitação do urbano ou rural que vão desde o antigamente ate atualidade. E nota-se claramente que com a evolução de algumas práticas algumas coisas tiveram uma outra análise (visão holística) no que se referia a sua realidade. 

Há já alguns anos que tem vindo a manisfestar-se no mundo ocidental uma tendência para uma diminuição do emprego por conta própria.

Considerações Finais 

Como se pode concluir, através da diversificação desinencial, a imprecisão ou difícil delimitação do Urbano/Rural se presta para a representação de diferentes nuances no espaço da industrialização. Vários autores discutem acerca destes dois fenómenos mas no fundo nenhum deles chega a apresentar uma definição ou diferenciação exata do que é urbano/rural o que ainda o torna mais caótico para sua compreensão.

De salientar que as definições do urbano/rural foram evoluindo com tempo dado que o que se diziam sobre eles num dado momento mudaram de visão dum outro devido a evolução de algumas atividades agro-indústrias.

Verificou-se também que só os que estão dentro do contexto é que melhor podem entender a dicotomia urbana/rural dado que possuem muitas conotações em volta das suas definições.

Por fim, analisou-se a normalização onde se chegou a conclusão de que a imprecisão das delimitações, mercado de trabalho e as características do emprego também contribuíram na difícil tarefa de delimitação dos termos acima já referenciados que são a chave fundamental para o nosso trabalho.

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