sábado, 6 de maio de 2017

Marcel Mauss e suas contribuições na Antropologia


É importante buscarmos entender Marcel Mauss em um primeiro momento por uma de suas maiores características, que é há uma grande influencia e também, de uma certa forma, uma aprimoramento da obra de seu tio, Émile Durkheim,  o qual desenvolve a perspectiva de fato social, como o motor produtor e principal fator coercitivo que move as ações dos indivíduos, ou seja eles importam apenas e para a sociedade, e esta é realmente onde tudo se move e onde as ação se fazem, sendo superior a qual quer preceito que considere a individualidade. 

Mauss já aperfeiçoa esta concepção criando um grau de complexidade onde as características que movem as ações são influenciadas por varias camadas de valores estes diferentes e mesmo assim importantes. Entendendo que este uma condição mais humana, já que o caráter social, mas também econômico, afetivo, simbólico e uma serie de outros valores, tão importantes quanto, que agem como condicionantes envolvidos no que define os rumos do homem de uma maneira geral, denomina assim: o fato social total. Aqui também é aberto dialogo que a antropologia faz com a interdisciplinaridade[1] por em seu universo absorver entendimentos da psicologia, biologia e sociologia. Em resumo sua percepção e multidimensional.

É importante destacar a sua tese sobre os processos de aliança. O autor tem uma corrente evolucionista implícita em alguns trechos de sua obra mais importante, O ensaio sobre a dadiva, a sua forma de perceber as sociedades que analise através de relato não deixam escapar algumas expressões próprias dos evolucionistas, como: origem, arcaica, atrasada.  Estes são diálogos que ele faz em suas analises, também com o funcionalismo, mas é importante frisar que seus conceitos vão além de um estrutural funcionalismo.

Sua obra pode ser referenciada e servir de embasamento para uma discussão com varias perspectivas, como a Marxista, feita em uma abordagem critica que Marcos Lana[2]  percebe vários elementos que compõem a sua influência conceitual.

A escola francesa com Mauss ganha um substancia antes imaginada, que ira influenciar grandes nomes da antropologia como Claude Lévi-Strauss.
Entretanto no ensaio sobre a dadiva o que o autor enfoca como ponto principal é exatamente a dadiva e seu caráter simbólico, no que se refere às alianças possíveis que se fazem neste caráter o que poderíamos chamar de solidariedade, já visto em Durkheim, mas que vai além disso, sendo em sua perspectiva o que alicerça toda as relações sócias em um nível mais profundo e simbólico.

O ensaio sobre a dadiva e os povos da Melanésia

A releitura do paradigma da dadiva é percebida por Mauss atingindo outras proporções em sua valoração das relações sociais.

[3]“O caráter voluntario, por assim dizer, aparentemente livre e gratuito, e, no entanto obrigatório e interessado, dessas prestações. Elas assumiram quase sempre a forma do regalo, do presente oferecido generosamente, mesmo quando, nesse gesto que acompanha a transação, há somente, mesmo quando, nesse gesto que acompanha a transação, há somente ficção, formalismo e mentira social, e quando há, no fundo, obrigação e interesse econômico. E não obstante indicarmos com precição os diversos princípios que deram esse aspecto a uma forma necessária da troca” MAUSS: 2003; p.188     

Sua interpretação, ou seja, seu entendimento pertence a um entendimento dialético social e econômico polarizado pelas relações de honra de uma dadiva e uma prestação de serviços. O que nos faz evitar perceber apenas uma troca e sim um aspecto mais completo e simbólico.
O método usado baseou-se em estudos de relatos de áreas determinadas com os seguintes povos: Polinésia, Melanésia, noroeste Americano.
Como relata seguir Mauss confia nos relatos declarando que o caráter Filológico é um dos critérios para a veracidade dos escritos. Entretanto, o seu trabalho tem seu caráter enfraquecido por saber que este se apoia em relatos externos a observação do próprio Mauss. Está pode ser uma de suas falhas na busca de uma realidade mais veríssima, sabe-se que Mauss não teve grandes experiências no campo. Todavia a lucidez de suas analises e o critério que opera com as fontes colhidas é exemplar.

“Nas economias e nos direitos que precedem os nossos, nunca se constatam, por assim dizer, simples trocas de bens, de riquezas e de produtos num mercado estabelecido entre os indivíduos. O primeiro lugar, não são indivíduos, são coletividades que se obrigam mutuamente, trocam e contratam; as pessoas presentes ao contato são pessoas morais: clãs, tribos, famílias que se enfrentam e se opõem seja em grupos frente a frente num terreno, seja por intermédio de seus chefes, seja dessas duas maneiras ao mesmo tempo. Ademais, o que eles trocam não são exclusivamente bens e riquezas, bens móveis e imóveis, coisas úteis economicamente. São, antes tudo, amabilidades, banquetes, ritos, serviços militares, mulheres, crianças, danças, festas, feiras, dos quais o mercado é apenas um dos momentos, e nos quais a circulação, de riquezas não é senão um dos termos de um contrato bem mais geral e bem mais permanente.” MAUSS: 2003; p.191


Documentários, filmes e palestras:    

"Marcel Mauss e as Ciências Sociais" Palestra, Vídeo realizada no 30º Encontro Anual da Anpocs - 2006 disponibilizado pela ANPOCS - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais.

Estudos e resenhas:

Bibliografia:

MAUSS, Marcel; Sociologia e antropologia, ed. Cosac Naify, São Paulo, 2003  

LANA, Marcos (2000); “Nota sobre Marcel Mauss e o ensaio sobre a dadiva”, Revista de Sociologia e Política nº 14: 173-194, junho. Página consultada a 27 de novembro 2011, <http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n14/a10n14.pdf>

  • [1] Como podemos perceber no artigo de SANETO, Juliana Guimarães; Educação Física e Marcel Mauss: contribuições antropológicas; publicado na EFDeportes.com, revista digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 152, Enero de 2011;
  • [2] LANA, Marcos; Nota sobre Marcel Mauss e o ensaio sobre a dadiva, http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n14/a10n14.pdf
  • [3] MAUSS, Marcel; Sociologia e antropologia, ed. Cosac Naify, São Paulo, 2003  


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