domingo, 15 de outubro de 2017

Juventude e Visualidade no Mundo Contemporâneo: uma reflexão em torno da imagem nas culturas juvenis


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Daniela Nogueira Amaral
Danielle Parfentieff de Noronha
Tânia Carolina Viana de Oliveira

No texto Juventude e Visualidade no mundo contemporâneo: uma reflexão em torno da imagem nas culturas juvenis, Ricardo Campos demonstra a importância de pensar os estudos das juventudes em termos visuais, a fim de perceber como a imagem e a cultura visual contemporânea participam na construção da juventude. Como problemática central questiona: “como pensar a juventude em termos visuais?”. Segundo o autor, diferentes imagens e imaginários “tendem a fornecer coordenadas para a forma como a sociedade representa os jovens (e este se representam)” (p.113). A imagem carrega um poder que possibilita a identificação entre esses jovens.

Para o autor, o critério etário não é suficiente para determinar a categoria juventude. E também não devemos pensar em juventude, mas em juventudes, que se dispersam pelo espaço geográfico e social e enfrentam problemas e possibilidades muito distintas e, desta forma, assumem configurações peculiares.

Através de mecanismos visuais a juventude demonstra representações e identidades, que de acordo com o autor, são conceitos que permitem investigar eventuais conexões entre os circuitos de produção, difusão e consumo. O exotismo visual de alguns grupos, denominadas subculturas, são elementos-chave na decodificação desses grupos e na possibilidade de perceber a diferença existente entre eles.

Outras práticas ligadas ao estudo da juventude, diz respeito aos estudos da mass media e sua influencia na construção dessa categoria. Através dos espaços midiáticos e da publicidade, televisão e cinema, o jovem pode ser representado e determinar certo estilo de vida. Como demonstra o autor, a representação visual de alguém, grupo ou comunidade interfere na forma como esse alguém se representa e se apresenta visualmente, “e, portanto, naquilo que poderíamos definir como a sua identidade visível ou visual” (p. 119). Dentre as formas como as juventudes são representadas, há uma representação socialmente forjada. Em certos momentos, a juventude é modelo e, em outros, antimodelo – que serão determinadas pelas questões históricas e contextuais. Também se tornou uma categoria com elevado valor comercial e simbólico, que é reinventada conforme a ideologia e o comércio do momento.

O autor salienta o crescimento e a importância no campo dos estudos visuais para pensar a negociação e determinação dos estilos de vida e identidades do ser jovem e dessa maneira compreender algumas práticas culturais. A identidade em elaboração está em constante negociação, quando estão em jogo variadas possibilidades de apresentação e representação. A partir dos sistemas de simbolização visual é possível perceber as manifestações dos grupos identitários. É através dos discursos reproduzidos sobre eles mesmos e sobre os outros que podemos entender os processos de identidade juvenis.

Campos destaca que a utilização, pelos jovens, dos recursos visuais fazem com que eles tenham ferramentas para produzirem algo relacionado à suas realidades. Como ele mesmo destaca “a visualidade é, assim, cada vez mais uma arena de prospecção criativa de afirmação de competências sociais, culturais e simbólicas que, tantas vezes, é desconhecida ou censurada pelo universo adulto” (p. 120).

[i] Resenha de CAMPOS, Ricardo. Juventude e visualidade no mundo contemporâneo: uma reflexão em torno da imagem nas culturas juvenis. In. Sociologia, Problemas e Práticas, nº63, Lisboa, 2010, p.113-137.

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