domingo, 13 de agosto de 2017

Antropologia e Filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia


A obra é resultado da tese de doutorado do autor, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFPA, sob a orientação do professor Ernani Chaves. A pesquisa foi vencedora da edição 2012 do Prêmio Professor Bendito Nunes da UFPA, coordenado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp) e  atribuído à melhor tese de doutorado defendida no âmbito dos Institutos de Filosofia e Ciências Humanas, de Ciências da Arte e de Letras e Comunicação da UFPA. Podem concorrer ao prêmio trabalhos de pesquisadores (docentes e técnicos) da UFPA vinculados a esses institutos, ou teses de autoria de pesquisadores externos, mas defendidas em programas de pós-graduação desses mesmos institutos da Universidade Federal do Pará.

O trabalho de Relivaldo Pinho analisa os livros Belém do Grão Pará, de Dalcídio Jurandir; Altar em chamas, de João de Jesus Paes Loureiro; Os Éguas, de Edyr Augusto; e os filmes Um dia qualquer, de Líbero Luxardo; Ver-o-Peso, de Januário Guedes, Peter Roland e Sônia Freitas; eDias, de Fernando Segtowick.

Os livros e filmes têm em comum a cidade de Belém do Pará e representam épocas diferentes e importantes da capital. O livro de Dalcídio Jurandir tem o declínio da cidade com o fim da era da borracha; o de Edyr Augusto é um romance policial no fim do século XX. Já o filme de Luxardo é da década de 1960, e o de Segtowick, que mostra a vida de três personagens em uma Belém já repleta de grandes edifícios, é do início do século XXI. São esses períodos e épocas que levam o autor a afirmar, em sua introdução, que “a literatura e o cinema aqui estudados são objetos estéticos pensados na sua relação com o sentimento, o espírito, que os emula”.

Real originalidade - “Perscrutar esse espírito em um conjunto de obras que o encerrasse foi a tarefa mais longa, porque, imagino, contrapunha o espírito mais comum. O significado fundamental desta pesquisa foi buscar uma real originalidade na abordagem sobre a Amazônia, neste caso, mais especificamente, sobre Belém do Pará”, diz, nas notas iniciais do livro, Relivaldo Pinho. Para o autor, o estudo não poderia “ignorar a urbanidade - sua representação - que se ergueu e se ergue e a decadência que a acompanhou e a acompanha, naquilo que se imaginou/imagina ser o paraíso perdido, a Paris nos trópicos, ou se pensa ser exemplo de ‘moderno/contemporâneo’”.
Unindo Antropologia e Filosofia, a partir, principalmente, das teorias do antropólogo norte-americano Clifford Geertz e do filósofo alemão Walter Benjamin, o escritor buscou uma nova possibilidade de se observar a cidade por meio da experiência social nela presente e da estética que a representa. A pesquisa “se volta para as obras com a intenção de compreender seus significados e ler suas existências. Existências que podem se situar primordialmente na cidade, mas estão atreladas à região”, afirma, no trabalho, o autor.

No prefácio do livro, o professor Ernani Chaves diz que “o que aguarda o leitor nas páginas que se seguem é, antes de mais nada, o resultado de um trabalho de pesquisa, em vários aspectos, extraordinário. O resultado de uma longa convivência do autor com o seu tema”. Para ele, Relivaldo Pinho “se situa na tradição daqueles que tomam a cidade como objeto, mas também como companheira e amante, tentando, de algum modo, desnudá-la. O estranhamento do familiar. O que corresponde, em Walter Benjamin, ao duplo movimento de imersão no objeto para que, depois, possamos tomar em relação a ele a ‘distância certa’”.

Sobre o autor - Relivaldo Pinho é graduado em Comunicação Social, mestre em Planejamento do Desenvolvimento e doutor em Ciências Sociais (Antropologia) pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Foi coordenador adjunto do curso de Comunicação Social e coordenador da Especialização em Jornalismo, Cidadania e Políticas Públicas, da Universidade da Amazônia (Unama). É professor do curso de Comunicação Social e do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura da Unama. Coordena o Projeto de pesquisa Comunicação, Antropologia e Filosofia: Estética e Experiência na Comunicação Visual, Audiovisual e Literária Urbana da Contemporaneidade de Belém do Pará. É autor dos livros Mito e Modernidade na Trilogia Amazônica, de João de Jesus Paes Loureiro (Naea/UFPA, 2003), vencedor do Prêmio Naea de Melhor Tese/Dissertação de 2001-2002; Amazônia, Cidade e Cinema em Um Dia Qualquer eVer-o-Peso: Ensaio (IAP, 2012), contemplado com o Prêmio Vicente Salles de Melhor Ensaio do Instituto de Artes do Pará (IAP), e organizador do livro Cinema na Amazônia: Textos sobre Exibição, Produção e Filmes (CNPq, 2004).

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