Referências
KUPER, Adam. Antropólogos e Antropologia; tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, F.Alves, 1978. (Ciências sociais)
MALINOWSKI, Bronislaw Kasper, 1884-1942. Argonautas do Pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia / Bronislaw Malinowski; prefácio de Sir James George Frazer; traduções de Anton P.Carr e Lígia Aparecida Cardieri Mendonça; revisão de Eunice Ribeiro Durham. – 2 ed. – São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores)
Fazia-se aqui sentir a influência de Durkheim; e, é claro, o mais importante dos evolucionistas, Spencer, tinha reconhecido que o estudo intensivo de pequenas comunidades implicava em compromisso com a análise sincrônica de um tipo que mais tarde passou a denominar-se funcionalista. O enfoque funcionalista não era visto como algo que desalojaria as preocupações evolucionistas e difusionistas mas, outrossim, como algo que deveria ser-lhes adicionado. (pág. 19, 2º§).
[...] ainda acredito na evolução, ainda estou interessado nas origens, no processo de desenvolvimento; mas vejo cada vez naus claramente que as respostas a quaisquer evolucionárias devem conduzir de forma direta ao estudo empírico dos fatos e instituições, ao desenvolvimento passado daquilo que desejamos agora reconstituir. (pág. 20, 1º§).
Em Leipzig, decidiu diversificar seus interesses e estudou Psicologia Experimental, sob a direção de Wundt, e História Econômica, com Bücher. A importância desses dois anos em Leipzig não deve ser subestimada. Wundt, em particular, era uma influência de peso; já fora mestre de Durkheim e de Boas, e estava sumamente interessado em Antropologia [...] dizia respeito à cultura, “àqueles produtos mentais que são criados por uma comunidade de vida humana e que, portanto, são inexplicáveis em termos de mera consciência individual, uma vez que pressupõem a ação recíproca de muitos”, uma concepção que estava relacionada com a noção de “consciências coletiva” de Durkheim. Wundt era contrário a que se descrevesse o desenvolvimento de um fenômeno cultural em isolamento [...]. (pág. 22, 2º§).
Se os principais elementos do Funcionalismo podem ser discernidos em Wundt (e em muitos de seus discípulos), talvez seja ainda mais interessante notar que o primeiro estudo antropológico de Malinowski, sobre a organização da família australiana, já estava bem avançado antes de ele ter trocado Leipzig pela London School Of Economics em 1910. Na L.S.E., ele trabalhou sob a orientação de Westermack, o homem que tinha criticado de forma tão peremptória as primeiras teorias de “promiscuidade primitiva”, “casamento de grupo” etc., e defendido a primazia em termos evolucionários de família monogâmica. Mas esse era também um tema do Mestre de Leipzig; Wundt e seus discípulos estavam também interessadíssimos no material australiano – como muitos outros cientistas sociais desse tempo, é claro. Em 1912 e 1913, eram publicados importantes trabalhos sobre os aborígenes australianos, não só de Malinowski e Radcliffe-Brown, mas também da autoria de Durkheim e Freud; cada um deles, segundo parece, trabalhando na ignorância de produção dos demais. Assim, faz sentido que Malinowski tivesse sido estimulado em Leipzig a meter ombros a uma monografia sobre a família australiana e que decidisse completá-la sob a orientação de Wastermack. (págs. 22 e 23, 3º§).
A publicação em 1899, das extensas investigações desenvolvidas por Spencer e Gillen entre os aborígines australianos demonstrou definitivamente as grandes potencialidades do trabalho de campo e a importância das informações obtidas por meio de observação direta para a resolução dos problemas teóricos colocados pela antropologia. Só essa obra inspirou pelo menos três grandes trabalhos, cada um dos quais constituía uma reflexão inovadora em seu próprio campo: As formas elementares da vida religiosa, de Durkheim (1858-1917), Totem e Tabu, de Freud (1856-1939), e A família entre os aborígenes australianos, o primeiro livro de Malinowski, todos publicados em 1913. (pág. 9, 5º§).
Os primeiros trabalhos de Malinowski, assim como os de Radcliffe-Brown, acusam uma forte influência de Durkheim, que forneceu a ambos a formulação inicial dos conceitos de função e de integração funcional com os quais essa nova geração de antropólogos procurou construir um método próprio e chegar a uma nova teoria antropológica. (pág. 10, 4º§).
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